Nesse final de semana finalmente resolvi ir ao cinema assistir o documentário O Começo da Vida. No filme ouvi uma frase que era mais ou menos assim: Não existe pai que “ajuda”. Existe pai que participa e pai que não participa.Entre os vários pensamentos que o filme me trouxe, um deles foi latente: como deixar um pai ser pai? Parece uma besteira, até meio sem sentido. Mas parem para pensar comigo e verão que não é! Temos muita participação nesse processo e não nos damos conta. Há um tempo atrás foi muito compartilhado nas redes sociais um texto falando da nossa cultura maternal de achar que “filho é da mãe”, que os cuidados com as crianças devem ser nossos. Nesse meio tempo o pai continua com o papel de provedor, do responsável pelas contas e quando resolve exercer seu papel de pai nos cuidados dos filhos, aí então ele passa a ser considerado um pai fora da curva, maravilhoso! Quem nunca respondeu ou fez a pergunta: “Mas ele te ajuda com o bebê?”! Eu mesma já me peguei falando que fulano “ajuda”. E é incrível como a simples repetição dessa frase de fato ajuda a reforçar essa cultura machista, que ao mesmo tempo que exime os homens dos compromissos na criação e cuidados com as crianças, alimenta ainda mais a exclusão deles no processo. Nunca fui uma mãe centralizadora nem neurótica com os outros chegando perto do meu filho. Pelo contrário! Insistia para as amigas medrosas pegarem ele no colo, ensinava a darem o mamá, ensinei o pai e a madrinha a trocarem fralda, darem banho, colocarem para dormir. Isso porque na minha cabeça sempre existiu um pensamento: vou permitir que o João receba todo o amor e o carinho que as pessoas tem para dar para ele. Quando o João nasceu, eu era extremamente insegura por vários motivos. Sempre fui estabanada, nunca tinha cuidado de um bebê na vida e ao meu lado tinha minha amada mãe que é a pessoa mais exigente e crítica do planeta! Era horrível, sempre achava que não ia dar conta, que não estava fazendo certo e chamava ela para tudo! Aos poucos fui criando coragem e jeito, inventei minhas maneiras de fazer as coisas e vi que se eu consegui aprender, outras pessoas também poderiam. Sendo pais separados, sempre entendi que seria fundamental o pai do João aprender a cuidar dele, mas nunca forcei a fazer nada! Quando a gente força, vira obrigação. E obrigação é chato! Sempre que eu estava fazendo e via ele do lado com aquela cara de curioso, eu perguntava: quer aprender? Até porque, que desastre poderia acontecer comigo e com a babá do lado? Nenhum! E fui “chamando”, ele foi se aproximando e quando descobriu que tinha talento para algumas das várias atividades, foi positivo para os dois! Ele foi ficando mais seguro, se sentindo capaz e hoje sabe fazer tudo e eu não preciso me preocupar. Só tivemos benefícios com tudo isso. Esses cuidados simples deram autonomia para ele como pai e foi fundamental para fortalecer a relação deles. Único ponto que eu ressaltaria é que acho que esse incentivo funciona quando acontece desde o começo. Antes do bebê nascer, inclusive. Deixar o pai participar dos exames, dar palpite na decoração do quarto, ajudar a escolher o enxoval, convidá-lo para fazer um curso de pais juntos. Essas pequenas atitudes já serão bacanas, só não espere o mesmo engajamento que você nessa fase, pois realmente a ficha dos homens demora um pouco mais para cair. Eles não sentem tanto as mudanças pelo fato de praticamente nada mudar com eles até o bebê nascer. Mas quando isso acontecer, deixe ele ser pai! Tem muito homem desinteressado, sim. Não quer aprender nada disso. Mas faça a sua parte tentando aproximá-lo dessa nova vida. Aprenda junto, ensine, elogie, incentive!
Ninguém sabe tudo e não existe maneira perfeita de fazer as coisas. As diferenças são muito boas para o seu bebê e aprender a delegar e confiar será ótimo para você!
Boa sorte!
Beijos!
Paty