Como consultora de sono preciso confessar para as leitoras aqui do Mãe em Dia que eu tenho muitas restrições sobre o uso da babá eletrônica. Acredito que a babá possa ser uma excelente ferramenta para ajudar as mães que moram em casas muito grandes, lembrando que nestes casos, precisa ser uma excelente babá para evitar interferências e alcançar longas distâncias.
Na minha opinião, este aparelho é totalmente dispensável em ambientes pequenos, já que a mãe certamente vai ouvir o choro do bebê. Nos dois casos, ela pode ser muito mais útil durante o dia do que durante a madrugada.
E tenho certeza que já tem mamães pensando onde quero chegar… vamos lá então.
Durante os primeiros 4 meses de vida do bebê, o ideal é que ele durma dentro do quarto dos pais, em seu berço portátil, moisés, carrinho, naqueles berços acoplados à cama do casal, enfim, em algum lugar que a família decidir e que a criança esteja segura, porém perto do pai e da mãe. Isso vai dar segurança ao sono do bebê, acalmar o coração da mãe que só precisará abrir os olhos para verificar se o bebê está bem e facilitar a amamentação (que geralmente até esta fase é oferecida por livre demanda). Mesmo para as famílias que optaram por colocar o filho no bercinho desde os primeiros dias de vida, a babá precisa ser usada com cautela.
O som emitido pela babá é muito maior do que o som que o bebê está fazendo. Respirar pode parecer um choro, então qualquer suspiro da criança pode fazer com que você pule da cama para olhar seu bebê (sem contar nas vezes que você realmente terá que pular da cama para amamentar). Um outro problema muito comum nas famílias que usam a babá eletrônica: atrapalhar o sono do bebê. Muitas vezes o bebê fala, sorri, balbucia, tudo isso enquanto dorme, durante o sono de sonho. Nesta hora, é bastante importante deixar que o bebê volte a dormir sozinho, sem interferências, porque os maus hábitos começam exatamente nesta hora. Como o som da babá é muito alto, os pais acreditam que a criança está acordada e ao entrar no quarto para verificar, acabam realmente despertando o bebê… que certamente vai precisar de ajuda para voltar a dormir.
Após os 4 meses, quando muitas famílias decidem fazer a transição para o quartinho do bebê, ele certamente já sabe chorar alto, está aprendendo a rolar e já adquiriu um bom controle da cabeça, conseguindo sair de situações mais difíceis e “chamar” pela mãe quando acordar com fome ou se estiver com algum incômodo.
Acredito que algumas considerações devem ser feitas antes de adquirir (e começar a usar) uma babá eletrônica:
- O quarto do seu filho é muito longe do seu?
- Você, seu marido ou outras pessoas que moram na casa, tem o sono extremamente pesado?
- Você só consegue relaxar se ficar olhando para seu filho durante a madrugada? Neste caso o que seria melhor: colocar seu bebê para dormir no seu quarto ou usar uma babá eletrônica?
- Você tem pela consciência de que os sons da babá são bem mais altos do que realmente o bebê faz e que ela capta sons externos como carros passando na rua e isso pode atrapalhar o seu sono?
Mesmo com todas estas restrições, acredito que em algumas situações a babá pode ser bastante útil:
- Durante a soneca da tarde do bebê (enquanto você pode fazer outra atividade na cozinha ou na sala ou mesmo tomar um banho e ainda assim monitorar o sono diurno da criança);
- Se algo inesperado aconteceu e você precisa sair de perto do bebê e ele estiver acordado (exemplo: tirar uma panela do fogo ou ir ao banheiro);
- Em reuniões em casa de parentes, onde você pode colocar o bebê para dormir e a casa está barulhenta e isso pode fazer com que você não ouça seu bebê chorar.
Sobre o tempo de uso e se o investimento vale a pena, isso vai variar muito de acordo com a necessidade de cada família. O bebê vai fazer sonecas até pelo menos 3 anos e você pode ocasionalmente precisar deste aparelho até esta fase, portanto mesmo que você morar em ambientes pequenos, se sua decisão for comprar uma babá eletrônica, sugiro que você fique com o aparelho por um bom tempo, porque mesmo acreditando que é totalmente possível tirar este item da lista do enxoval do bebê, ela em muitos momentos cumpre seu papel e pode ser realmente útil.
Quer ver outros posts da Michele? Clique Aqui
Michele Melão é Consultora de Sono Infantil e Baby Planner certificada pela International Academy of Baby Planner Professionals (IABPP) e International Maternity and Parenting Institute (IMPI), na Califórnia. É mãe e sócia da Maternity Coach (http://www.maternitycoach.com.br), uma consultoria especializada em diversos s