Gente depois de muito esperada segue a segunda parte da entrevista da nossa mamãe de Berlim Gabi Von Gal:
Um dia na varanda joguei pro universo um pensamento… ai que bom seria trabalhar na esquina de casa, alguém que me aceitasse grávida com um salário melhor do que o anterior.
Chan Chan Chan!!! Um dia recebo uma mensagem através do XING, uma rede social parecido com o Linked.in muito usada aqui na Alemanha me chamando para uma entrevista. Aonde? Na esquina de casa, na Babbel, voltada a cursos de idiomas on-line, para o cargo de Country Manager Brasil. E assim foi, me aceitaram grávida, trabalhei do lado de casa de Julho a Novembro, com direito a cochilos de 30 minutos em casa e almoço preparado pelo marido. Comecei a acreditar mais em jogar sonhos para o universo … por que eles se realizam sim!
Lembram no começo do texto que comentei que tinha certeza que queria ter meu bebê no Brasil? Pois a decisão mudou radicamente quando fui a consulta aqui em Berlim, com minha mãe, que por acaso, já tinha uma viagem planejada para Julho de me vistar e calhou super certo a época, pois foi a de certo que mais precisei de minha mãe. Ela foi comigo na consulta, minha ginecologista já a 5 anos aqui em Berlim. Gente, me surpreendi, tive uma consulta tão completa, com muita informação e uma sacola de livros e folhetos sobre tudo da gestação ao nascimento. Sai de lá segura querendo agora ter o parto em Berlim e ainda, em uma casa de parto. Na aguá e humanizado. Esse era meu desejo desde o princípio.
Passei muito mal no primeiro trimestre da gestação, muito enjoô, emagreci 7 kilos e graças a deus tive minha mãe e meu marido cuidando de mim nesse periodo. Mas depois do 3 mês foi tudo tranquilo, a partir da 12 semana de gestação comecei a fazer Yoga para grávidas 2 vezes por semana, e fiz até o final da gravidez, um dia antes da Lola nascer. Me ajudou muito manter o corpo em equilíbrio com a Alimentação. Eu que achava que ia virar uma bola e engordar uns 20 kilos, engordei apenas 12 kilos, comi muita salada e adorava coisas bem cítricas, tipo limão com sal rs .
Aqui na Alemanha, o índice de Cesarea é muito baixo, e eles fazem de tudo para que você tenha parto normal e só em casos especiais apelam para a Cesarea. E te oferecem muita informação o que me deixou muito segura. E lá fui eu me inscrever na casa de parto “geburtshaus-charlottenburg” , quando você se inscreve em uma casa de parto você tem uma Doula só para você que te acompanha a gravidez toda a até o parto. Infelizmente no meio do 7° mês da gestação tive que parar de trabalhar e ficar de repouso por falta de líquido aminiótico e a Lola continuava sentada. E para o parto normal sem risco na casa de parto ela tinha que virar. Neste dia que fui a Ginecologista e ela me aconselhou a ter o parto na maternidade pois como estava com pouca aguá e ela continuava sentada a probabilidade de riscos era maior. Sai frustrada e chorando, pois já tinha idealizado o parto perfeito, na aguá, o bebê saindo nadando… mas na realidade nada é do jeito que imaginamos ou queremos não é verdade?
Desisti da casa de parto e me inscrevi na melhor maternidade de Berlim a SJK que possui o certificado de “Babyfreundliches Krankenhaus” que em português seria algo como: Maternidade Amigo da Criança. Onde preza o contato de pele mãe – Bebê e sempre respeitando tanto a mãe quando o bebê.
Eu desisti da casa de parto, pois se me falam que tenho 1 % de gravidez de risco não sou maluca de ir contra a medicina,mas não tinha desistido de métodos para fazer a Lola virar e eu ainda poder ter parto normal no hospital. Fiz acumpultura, Terapia Chinesa Moxa, e até tive consulta no hospital para fazer parto de Bum-Bum, que aqui na Alemanha eles fazem muito, mas eu tinha pouco líquido e a Lola poderia sofrer, então agendei a Cesarea para dia 15 de Janeiro. Tudo que eu não queria no começo, agendar… ter hora marcada … mas fui frustrada pra casa. O agendamento foi feito no dia 22 de Dezembro, foi até engraçado, por que eu podia escolher o dia , e minha mãe sendo astróloga começou a palpitar, neste dia não ,a lua vai ta não sei onde, o signo é esse rs …. enfim marcamos dia 15. Era véspera de Natal, e claro que a frustação passou a cada segundo que sentia um chute ou a Lola se mexendo dentro do meu ventre.
No dia 02 de Janeiro, fui para a Yoga e neste dia, minha mãe foi junto me fotografar. Meditei muito, pois era um novo ano, e uma nova vida estava por vir. Concentrei todas as energias. Pedi muito para que a Lola desejasse nascer, não me importava como seria o parto e sim que ela quisesse nascer. Sai da Yoga renovada e a noite fui no cinema com meu marido, lembro que a Lola se mexia muito e eu estava até preocupada se o som estava se propagando muito alto no útero.
Chegamos em casa por voltas das 23h00, a 1h30 eu comecei a sentir umas dores nas costas, e assim foi se intensificando, e as 2h30 sinto um jato escorrendo na cama, rosado e acordo o Dudu, amor, a bolsa estourou, lembro dele saltando de alegria, por que a Lola quis nascer, era a hora, na madrugada do dia 03 de Janeiro e não na agenda do dia 15! Estava SUPER tranquila, tomei um banho, acordamos minha mãe e fomos para a maternidade. Chegamos lá por volta das 03h30 e por volta das 6h30 fui para a sala de cirurgia, eu estava muito apreensiva por causa da anestesia, a famosa Raqui, que se o anestesista errar um nervo efeitos colaterais bem sérios podem ocorrer… fui muito tensa pra sala, e só acalmei quando o Dudu entrou na sala e segurou minha mão. A sensação foi bem esquisita, sentia dezenas de mãos me balançando, chacolahando, teve uma hora que eu sabia que era o último puxão, quando olhei pro Dudu e falei : Ela vai nascer: e ai ouvimos o Buá bem alto, não tenho palavras para descrever a sensação … chorei e ela foi diretamente para os braços do meu marido, e abriu os olhos ao encontro dos meus.
O mais bacana e de certo a melhor coisa que pode acontecer em uma cesarea, é que aqui eles não tiram o bebê dos seus braços nem um segundo, se estiver tudo ok claro. Ela foi para meus braços na sala de recuperação, peladinha enrrolada apenas na toalha e mamou durante 20 minutos. Senti o sagrado feminino. Me tornara mãe. Que lindo, que benção que forte. Um amor que não tem como medir.
Fiquei 5 dias no Hospital por conta da cesarea e para as Doulas me ensinarem a amamentar. Foi incrível a experiência, uma equipe maravilhosa de Doulas e médicos. Lola não foi nenhuma vez para um “berçario”, não tomou banho, quem trocou sua primeira fralda foi o próprio Pai. E as enfermeiras pediam permissão para poder examiná-la. Aqui o contato da pele entre mãe- bebê é o que prevalece. Eu posso dizer que tive de certo uma “ Cesarea Humanizada” . Tive muita dor, mas a força vem quando olhamos nossos pequenos não é mesmo ? Lola nasceu 12 dias antes de completar 40 semanas, as 07:06 do dia 03 de Janeiro com 51 cm, 3.200Kg . Ela quis nascer! <3 Beijos e espero que tenham gostado do relato. Gabi & Lola
